sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vivendo e aprendendo...

 
Tenho prestado muita atenção no meu espanto ao encontrar pessoas que há muito não vejo e noto que não mudam. Não evoluem. Nem involuem. Estão lá, elas mesmas. Claro que devem ter essa mesma sensação em relação a mim. E isso me angustia. Por que estou sempre atrás de coisas diferentes. Autores diferentes. Músicas diferentes. Línguas diferentes. Idéias. Comidas. Roupas. Gente. Lugares. Whatever... Costumo me enfastiar rápido com as mesmices, então isso é apenas uma questão de sobrevivência e não de excentricidade. Por isso o espanto. Não consigo imaginar ser possível suportar a chatice do mesmo, todo dia. Ontem li um trecho de Albert Camus, um clássico francês, que diz mais ou menos assim (segundo minha tradução livre de fundo de quintal): "Não caminhe a minha frente, pode ser que eu não te siga. Não caminhe atrás de mim, pode ser que eu não te guie. Caminhe ao meu lado e seja meu amigo". Me vi fazendo esse trajeto pelas minhas relações. Também, que alguns amigos não conseguem topar meus novos anseios nas relações. Alguns me querem lobo na matilha. Outros, que eu pegue o mesmo trem. E os que me querem platéia de seu belo espetáculo. Hoje tô querendo andar ao lado. Só pra contar e ouvir histórias. Se der pra dividir idéias, já vai ser lucro. Mas não me peça mais pra não mais me enxergar. Meu umbigo também existe.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Andrew Warhola...

 

Andy Warhol na Estação Pinacoteca. Abusou do humor e da acidez pra dizer o que pensava. E desdizia com a mesma genialidade. Criou a Pop Art pra ganhar dinheiro criticando a sociedade que encheu seus bolsos de dinheiro. Hoje, eu que nem entendo nada de arte, gosto da estética do que ele fez. E nem deve ter sido essa a intenção. Tudo mega colorido e repetitivo. Tudo a ver mesmo com o nosso tempo. Claro que as histórias são importantes para compor a arte dele. Mas eu gosto das serigrafias, assim, por elas mesmas. Só que nem vá muito animado. Ou curioso. O horário que consta no site da Estação Pinacoteca é até as 18h, mas você só pode chegar até as 17h. E sem direito a gentilezas. Funcionário nenhum soube dar qualquer informação...total perdidos com o tanto de gente que apareceu por lá. Nem no café pudemos assentar o que acabávamos de ver e ouvir. Queriam mais era chegar mais cedo em casa no feriadinho.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ubatubando...

 
Foi amor a primeira vista. Acostumada com as praias planas e já meio poluídas do litoral sul de SP, me encantei e nunca mais deixei de visitar a multicolorida e cheia de curvas, Ubatuba. Dei a sorte de ir com amigos que cresceram por lá e conhecem cantos dos mais especiais. Hoje achei um site só de lá. O http://www.ubatuba.com.br/.  Nem sei quando é que foi disponibilizado. O fato é que também gostei e vou aproveitar pra conhecer mais sobre o canto do mundo que, mesmo tão perto, nunca deixa de me surpreender e me fascinar.

Bonde de Santo Amaro...

 
Já falei dele aqui. E semana passada, nas obras de expansão da linha 5 do metrô - a lilás que chegará até o Largo Treze, acharam os restos mortais da última linha de bonde desativada em SP. Lembro de quando criança ainda ver, bem na superfície do asfalto, as linhas confusas de um bonde já fantasma. Ficava a imaginar como seria no meio àquela confusão. Nunca achei que o metrô chegaria ao fim do mundo. Agora que o fim do mundo fica um pouco mais a diante, também acharam o primeiro elo dele com a civilização. Vai virar peça de museu.

domingo, 18 de abril de 2010

E fez-se a luz...

 
Aceleraram. E observaram. Dez dias depois viram a colisão de dois feixes de prótons a 7 tera-elétron volts, criando a explosão. Ainda ao final desta tarde encontraram a tal partícula de deus. Origem da vida. Então perguntaram a ela: - Você sabe onde está deus. Foi então quando a partícula olhou encantada e dizendo: - Você é o meu criador.

Bioquímica da alma...

 

Sou uma espécie reativa. Queria ser um antioxidante. Mas quem nasce radical livre não chega à água. Queria um enxofre ou um grupo amina pra ser especial. Mas sou apenas um átomo desequilibrado na última camada. Oxidando o que encontra pela frente. Íon sem par. Elétron ausente. Matéria que sonha ser um bóson de Higgs pra poder dotar-se de sua própria vida.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Minha Terra...

Achei no meio dos meus alfarrábios de 2005.

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Minhas mãos estão amarradas e não faço um gesto sequer para contestar.
Estou prostrada.
Os índios desta terra estão mortos,
e quem lutou por eles também.
As crianças cheiram cola na esquina,
e o herói, vivo, vende a alma ao diabo.
Estou cega vendo a miséria fazendo malabarismo no semáforo.
Minha voz está muda.
Calada, diz apenas o que consigo ouvir.
Meus ouvidos apodrecem ouvindo merdas hipócritas que discorrem zombando de minha razão.
Acreditam-se no juízo, mas malogram nosso destino com tanta insanidade.
Mas é o que podemos ouvir. É o que conseguimos ouvir.
Não nos arriscamos buscar o desejo de ser livre.
Não pagamos o preço da morte para buscar o verdadeiro.
E nos contentamos com a mesmice, a mesquinharia.
E eu, tonta de sensatez, uso a voz para nada
Para perpetuar a tolice.
E esqueço do que a luz traz aos olhos quando abrimos as janelas.