Achei no meio dos meus alfarrábios de 2005.
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Minhas mãos estão amarradas e não faço um gesto sequer para contestar.
Estou prostrada.
Os índios desta terra estão mortos,
e quem lutou por eles também.
As crianças cheiram cola na esquina,
e o herói, vivo, vende a alma ao diabo.
Estou cega vendo a miséria fazendo malabarismo no semáforo.
Minha voz está muda.
Calada, diz apenas o que consigo ouvir.
Meus ouvidos apodrecem ouvindo merdas hipócritas que discorrem zombando de minha razão.
Acreditam-se no juízo, mas malogram nosso destino com tanta insanidade.
Mas é o que podemos ouvir. É o que conseguimos ouvir.
Não nos arriscamos buscar o desejo de ser livre.
Não pagamos o preço da morte para buscar o verdadeiro.
E nos contentamos com a mesmice, a mesquinharia.
E eu, tonta de sensatez, uso a voz para nada
Para perpetuar a tolice.
E esqueço do que a luz traz aos olhos quando abrimos as janelas.
Oi, Silmara
ResponderExcluirAlfarrábios ainda bem que guardados (não descartados) = assim puderam ser resgatados e partilhados.
Gostei, parabéns!
M.
Obrigada, Marcos!
ResponderExcluirAbç Sill