quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Mais modernidade...

Um dia destes, ouvi outra pérola da falta de noção do ser, estar, ter, haver. Nem meu pai, algumas gerações anteriores e bem mais quadradinho, não soltaria uma destas. Na rua, uma moça. Não. Uma senhora. Cabelos brancos, há muito, escondidos pela tintura. Pele já enrugada pelos anos e, provavelmente, muito pelo sol. Não era gorda, mas já não exibia mais curvas ou excessos nos lugares certos. Caminhava de mãos dadas com o companheiro. De shortinho branco e barriguinha de fora. Ia livre. Feliz. Ela mesma. Pra ela mesma (pois não subia em nenhuma passarela). Só lhe faltava o chapéu roxo. Aquele! Da crônica da velhinha feliz que simplesmente aproveita a vida sem constrangimentos. Foi quando ouvi o comentário de alguém que provavelmente acha que a beleza da vida só é reservada àquelas que oferecem a imagem ideal para uma rápida ereção aos mais atenciosos ou uma pontada de inveja às menos bem dotadas pela natureza. Não belas. Envelhecidas. Estas, que devem ter noção e contentar-se em ficar cobertas e tristes para não ofenderem a paisagem colorida de um outono ensolarado. Século XXI. Milhares de peças íntimas queimadas depois para não sermos meros objetos do desejo alheio...

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