quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Mais experiência...


Participar do Terra Madre Brasil foi mais uma daquelas experiências inesquecíveis! Além de conhecer comida de tudo que é canto do Brasil e aprender sobre a importância de valorizarmos culturas agrícolas e gastronômicas tradicionais para a manutenção da biodiversidade, do sustento do pequeno produtor e da nossa saúde e do planeta ainda conheci gente do país todo mesmo: Pará, Maranhão, Amazonas, Tocantins, Goiás, Paraíba, Bahia, Minas, Rio Grande do Sul... E de várias etnias!!! Cada um com uma boa história para contar sobre um produto típico (muitos haviam sido esquecidos e têm sido resgatados) no campo e depois na mesa... A Neide caprichou em algumas no Come-se e com certeza ainda vai contar tantas outras que merecem um tempinho no dia para ler e degustar! Na Foto_1: Seu Bene e o Clayton, com o paneiro com a farinha d'água (mandioca) do Pará. Na Foto_2: o arroz vermelho da Paraíba, do Seu José. Outra história que eu já havia ouvido e me tocou, foi o movimento de mulheres pelo "Babaçu Livre" (Foto_3). Elas lutam para que os grandes latifundiários permitam a passagem pela terra para que coletem o babaçu, que não é usado para nada por eles e representa o sustento das famílias das "quebradeiras", como são chamadas as mulheres que trabalham na quebra do babaçu. Conheci também as histórias de algumas mulheres trabalhadoras em assentamentos rurais. O que sempre ouvi sobre os assentamentos na mídia não chega perto do que estas mulheres contaram e mostraram com os produtos na Feira de Agricultura Familiar e de Reforma Agrária. Produzem de tudo e representam o resgate da dignidade destas comunidades. Enfim, pareceu-me a solução para muitos de nossos problemas sociais: produção boa e limpa (sem defensivos e fertilizantes químicos) em pequenas propriedades permite trabalho para muita gente que, em vez de desistir do campo e correr para as grandes cidades para viver sem dignidade, podem dedicar-se a terra, viver dela e dar qualidade de vida para os que consomem seus produtos. É isso que o movimento do Slow Food chama de alimento "bonito, limpo e justo". O que para mim sempre pareceu óbvio, ainda tem um longo caminho a percorrer. Que bom que pelo menos o nome do Ministério do Desenvolvimento Agrário, um órgão Federal de peso, já aparece num evento como este... e a força dos Chefes de cozinha nem se fala. Aqui em SP, o Empório Siriuba aplica esses conceitos no seu trabalho. Conheci a Cenia Salles lá em Brasília e já fiquei curiosa pra ver o que ela faz no Siriuba. Vale a pena aderir.

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