quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Weiquan e tequan*...


Já tem certo tempo que me recuso a receber informações por determinados veículos midiáticos além dos descaradamente isentos de imparcialidade e honestidade no Brasil. Quando era adolescente tinha que ler a Revista Veja e fazer uma análise crítica dos conteúdos. Era a disciplina de Sociologia, OSPB ou EMC... não me lembro mais. Mas me lembro que era ministrada pela professora Maria Augusta. Foi nossa referência de profissionalismo, competência e força da postura feminina no mundo das idéias e nos proporcionava enxergarmos além do nosso mundinho adolescente classe média da zona sul paulistana. Aprendemos a ler e a escrever, em seu sentido mais verdadeiro de exercício de nossa cidadania. As numerosas propagandas da tal publicação já eram escandalosas e naquele momento ainda significavam mais peso na minha mochila. Arrancava todas que podia. Daí já se vão um par de dezenas de anos. O país, nas mesmas mazelas, já não é mais o mesmo. Tão pouco nossa imprensa. Não consigo ver os fatos apresentados se não por seu viés corporativo ou ainda pelos possíveis motivos escusos por tanto patriotismo ou senso de dever. E, como em qualquer área, a vaidade aumentou a letra das assinaturas nos textos. Ainda assim, encontrei uma leitura mais apurada em publicações como a Revista Cult. Mas qual não foi minha identificação quando fui apresentada por meu professor de francês (Mario Fernandez Escaleira, um dos tradutores da publicação) ao Le monde Diplomatique Brasil. Na mesma semana, ouvi elogios despretenciosos de uma conhecida que nem imaginava meu conhecimento prévio do jornal. Trata-se de uma publicação francesa, do Le Monde, com algumas matérias da versão original mas como um conselho editorial brasileiro em nossa versão, responsabilidade do Grupo Pólis (versão impressa) e do Instituto Paulo Freire (versão eletrônica). De cara, gostei de vários nomes que aparecem por lá. Muitos me são referência na reflexão sobre os preconceitos sutis que reproduzimos sem notar e as conseqüências desastrosas decorrentes. Achei um bom ponto de partida. Mas os textos são objetivos sem a superficialidade dos que não sabem do que falam e sem a hermeticidade desnecessária à veiculação de informações ao grande público. Referenciados, não sub ou superestimam a inteligência e cultura do leitor. "Atuais e atemporais", como elogiou minha conhecida. Não há uma página sequer que contenha APENAS propaganda. As poucas que estão lá são discretas e coerentes com as críticas que a publicação sustenta. Nada de consumismo barato. E o mais legal para o meu lado paty: não sujei minha francesinha no papel jornal. Ainda assim, acho que podia ser reciclado... Em Julho, completaram-se as 12 primeiras edições brasileiras e como Educação tem sido um foco no meu dia, adorei a matéria sobre homeschooling nos EUA. Pais que optam, por questões filosóficas, políticas, mas especialmente, religiosas, realizar a educação dos filhos longe da escola formal. Observações mais recentes têm apontado para um desempenho universitário acima da média nacional para os alunos oriundos destes grupos. Presumindo-se que não esqueçam de proporcionar as devidas oportunidades para a convivência com a pluralidade, talvez não seria uma má idéia deixá-los mesmo longe do ideário sócio-político-filosófico americano unísono, o americam way of life. Só temo pelo isolamento ou radicalismo religioso que possa estar implícito, como nas seitas mais "xiitas". A maior responsabilidade da família durante esse tipo de escolarização, permite-nos uma reflexão interessante sobre como, nos últimos anos, delegamos mais a outros a educação de nossos pequenos. A velha máxima ainda me fascina: pai tem mesmo que participar. Mas ainda há matérias sobre a "democratização" na China, sobre o colápso das grandes cidades brasileiras, o Bolsa Família, tecnologia, política, economia internacional e literatura. Estou adorando.

* direitos e privilégios, em chinês.

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