segunda-feira, 19 de maio de 2008

Poli o quê?


Semana passada, fui pela SBAN (Sociedade Brasileira de Nutrição e Alimentação) no worshop do International Life Sciences Intitute sobre polifenóis. Já tinha lido e visto mais a respeito no último encontro do ano passado, mas continuei interessada porque pra qualquer lugar que eu olho tem uma história de DCNT (Doenças Crônicas não Transmissíveis). E não são só as doenças cárdio vasculares ou o diabetes. Casos de câncer pipocam pela família e entre os amigos como o influenza, e eu sempre achei que havia um motivo pra isso. Alguém vai dizer que com o avanço das Ciências da Saúde temos mais diagnósticos etc e tals, mas não foi só isso que "avançou". Bom, a apresentação que mais gostei não foi de nenhum dos cientistas da área. Foi de uma jornalista do núcleo de saúde da Abril, Lúcia Helena Oliveira. Falou em nome dos leigos. Não sabe o que são os polifenóis, onde aparecem pra gente comer e muito menos por que têm que ser comidos. Reclamou da hermeticidade da área. Sou educadora, sempre achei uma falta de noção da universidade deixar isso passar assim, como se não fosse obrigação de quem produz ciência fazer força para a informação chegar a quem financia todo esse conhecimento. Não sei se uma hora isso muda. Mas aqui vai minha contribuição.

Esse conhecimento vem de um ramo da Ciência da Nutrição que estuda tanto a interferência da genética na resposta do organismo ao alimento (Nutrigenômica), quanto a influência do alimento na expressão genética* do organismo (Nutrigenética). Os polifenóis são moléculas bem miúdas contidas nos alimentos. Diferentes dos carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. São de uma classe mais ampla, os fitonutrientes ou moléculas bioativas chamados de antioxidantes. E há vários tipos em diversos alimentos. Tem sido observado que a presença destes polifenóis são fundamentais *para ativar ou inibir diversos gens que produzem as substâncias que serão usadas pelo metabolismo humano (expressão genética). Muitos deles relacionados ao desenvolvimentos das doenças crônicas não transmissíveis. Se você tem o gene, na ausência destes polifenóis e na presença de outras substâncias já sabidamente cancerígenas ou aterogênicas (entupidoras de artérias) como gordura trans, corantes e conservantes encontrados em caldos de carne e industrializados, por exemplo, não é difícil entender porque realmente há uma incidência aumentada destas doenças no nosso meio. Pena que ainda não existam estudos falando em cura via estas substâncias. Por enquanto, só a certeza de se impedir o desenvolvimento das condições para o início da doença.

Não há mistério em onde encontramos esses milagrosos antioxidantes, mas há algumas surpresas muito interessantes: frutas, verduras, legumes. Quanto mais coloridos e sem agrotóxicos mais a planta produzirá os polifenóis (é a defesa que a planta cria contra seu agressor, mas que no ser humano em pequenas quantidades é benéfico). Há também os chás (em especial o verde), os vinhos tintos (quanto mais escuro e de boa qualidade melhor) e...para minha felicidade: o chocolate dark (o amargo!!!!). Sim, sim...o ditado inglês que diz "an apple a day keeps de doctor away" vai ter que incluir "a dark chocolate a day keeps the doctor away, also!"

Só que... (é sempre tem um só que nos finais felizes)...tem que ser com moderação. Já há trabalhos científicos mostrando efeitos tóxicos, dos bem cabeludos, quando ingeridos em grandes quantidades. Este nível de ingestão é muito difícil ocorrer com uma alimentação normal, mas pode ocorrer com muita facilidade com a suplementação. Tem quem me ache exagerada quando falo que suplementação é só pra casos muito bem avaliados e específicos. Mas é só comparar os critérios e a seriedade dos trabalhos que discorrem a respeito, pra mim não há dúvidas sobre minha escolha: comer bem continua sendo bom, gostoso e saudável.

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