terça-feira, 3 de junho de 2008

Coca-colonização ou coca-globalização...


Em História do Mundo em Seis Copos (Jorge Zahar Editor, 2005), Tom Standage faz como Leo Huberman em A História da Riqueza do Homem. História não só sob os olhos do mercantilismo, mas sob a perspectiva dos preciosos líquidos que fizeram e fazem parte da história da humanidade. Parece até incoerente, algumas vezes, não terem sido inclusos na história que a gente aprende na escola. Por exemplo, ele conta que a escrita cuneiforme foi essencialmente desenvolvida pela necessidade de garantir a logística da cerveja no Crescente Fértil, na Mesopotâmia. Ou ainda que o Symposium, que deu origem ao que chamamos de Simpósio Científico, nada mais era que uma reunião de homens em local fechado pra beber vinho e dessa forma conseguir liberar a mente e a língua pra reflexão. Claro que os excessos eram muito bem anotados e Platão dizia ser um ótimo momento pra se testar o caráter de um sujeito. Depois ainda vem o Café e o Chá. Mas como eu não resisti, saltei para o capítulo da Coca-Cola. Não sou fã, portanto, não sei nada da vida da Coca-Cola neste planeta. Então, pasmei quando ele conta que o xarope foi criado pra ser um daqueles remédios patenteados. Daqueles de charlatão, que diz que serve pra dor de cabeça à unha encravada. Conta toda a saga, desde a descoberta da gaseificação da água até a invenção (ou cópia) da mistura da folha de coca, da América do Sul, com o extrato de cola das nozes-de-cola, da África. Dá uma passada pela importância moral da garrafinha de 5 cents na Segunda Guerra e demais eventos em que os EUA deram o ar da graça. O pedido atendido do soviético, General Zhukov, de fazerem uma Coca-Cola sem corante pra ele não passar recibo de fã de produto made in USA. Os problemas com a propaganda pra crianças até a década de 80 ou com as acusações de anti-semitismo. E mostra como virou o ícone desta cultura idealizando os preceitos de liberdade, consumismo e eteceteras... Enfim, como é que pode-se encontar uma Coke em qualquer parte do globo. Só não explica como ainda fazem pra abastecer as fábricas na atualidade com a matéria prima, já que não mudaram a fórmula (só reduziram a concentração) desde a criação e o Governo Americano caça bruxas que plantam coca na América do Sul pra evitar que produzam cocaína. Desculpe minha ignorância, mas plantam coca em território americano??

2 comentários:

  1. Vi um documentário sobre coca na Mostra que dizia que a Coca Cola mantém uma plantação de coca na Colômbia, onde é liberado. O filme é super esquerda latino-americana ultrapassada, então não dá pra confiar 100%, mas tem coisas bem interessantes. Eles insistem no caráter terapêutico da coca e na importância ritual que tem para os colombianos, mas é bem deprê ver uns caras trabalhando em minas de carvão e mascando folhas o tempo todo. Por outro lado, mostram várias manobras dos Estados Unidos que acabaram com a economia de certas regiões. No final, o vilão continua sendo o mesmo,,, E a hipocrisia prevalece.

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  2. Qdo estive na Bolívia vi um pouco o lado deles. Usam coca no dia-a-dia não só pra suportar o frio e altitude ou mesmo a dureza do trabalho nestas condições, mas porque é da cultura deles. Como os americanos tomam coca-cola, os andinos mascam coca. Na época, não parava ninguém no governo e botavam a maior fé no Evo Morales, porque ele é um legítimo cocaleiro. Mas a política esquerda festiva e, como vc falou, ultrapassada do Hugo Chávez e do Rafael Correa pois tudo morro abaixo. É um povo mto pobre que teve suas raízes estupradas desde a colonização e que agora sequer tem forças pra lutar por seu jeito de viver. Na Colômbia é a mesma coisa. Mas não entendi ainda que apito toca o Álvaro Uribe Vélez. Manda pra mim as referências do documentário. Tem como ver? Trouxe chá de coca de lá, podemos assistir tomando um bem quentinho..rs...

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